Exercícios

Riscos e vantagens dos aparelhos de ginástica em praças públicas

São Paulo têm 162 praças com equipamentos, mas a ausência de instrutores oferece riscos aos menos experientes. 

Praças paulistanas estão ganhando equipamentos de ginástica para incentivar a população a se mexer e a sair do sedentarismo sem gastar nada. Ao todo, a capital conta com 162 academias ao ar livre para quem deseja uma vida mais saudável e não tem muito tempo disponível. São Paulo tem cerca de 5,5 mil praças. A estrutura, porém, está sendo colocada à disposição da população sem a orientação de profissionais de educação física. 

A ausência de instrução, porém, não impede o desfrute do benefício. “Aproveito a hora do almoço e faço 20 minutos de exercício todos os dias. Em apenas duas semanas de atividades, já deu para notar a diferença. Eu me sinto muito mais saudável”, diz o técnico em enfermagem Ademar Paulo do Nascimento, de 35 anos, frequentador da Praça Nossa Senhora dos Prazeres, na Parada Inglesa, Zona Norte.

O objetivo da academia ao ar livre não é transformar ninguém em atleta, mas promover a interatividade entre as pessoas e incentivá-las a sair do sedentarismo, principalmente as da terceira idade, e revitalizar o espaço público, afirma Marcio Girande, do setor de marketing da Ziober, empresa responsável pela instalação de equipamentos em 96 das 162 praças paulistanas. “Temos uma pesquisa mostrando que o consumo de medicamentos para estresse e depressão entre as pessoas que começaram a frequentar as praças em todo o país caiu 37%. Apenas a economia que as prefeituras têm com isso já paga o investimento.”

Segundo Marcio, o custo da academia na rua é quatro vezes menor do que o de uma convencional. Cada equipamento permite, em média, que 96 pessoas se exercitem por hora.

Orientação

Apesar do entusiamo dos frequentadores, as subprefeituras, responsáveis pela manutenção, não providenciaram orientador físico em nenhuma das praças. Como a maioria das pessoas não está familiarizada com equipamentos de ginástica, elas não sabem utilizá-los de maneira adequada.

É o caso da dona de casa Sandra Márcia Durante, de 56 anos, que se aposentou há 15 dias. Ela foi se exercitar no simulador de caminha da Praça Nossa Senhora dos Prazeres, na Zona Norte, e caiu, machucando as pernas. “Precisava ter alguém para orientar as pessoas. Eu nunca ia imaginar que o equipamento é mole e desequilibra. Não estava tendo coordenação para me segurar”, diz ela, apesar de estar acostumada a fazer pilates.

Marcio Girande diz que a recomendação da empresa é para manter um profissional de educação física, pelo menos, por algum tempo para orientar os usuários, mas quase nenhuma prefeitura atende. Segundo ele, em todas as praças há placas com orientação de uso dos equipamentos, mas nem sempre as pessoas entendem. “Estamos estudando uma forma melhor de comunicação com a população”, diz. O DIÁRIO tenta desde quinta-feira ouvir a Coordenadoria das Subprefeituras, mas a assessoria não respondeu aos pedidos de informação.

A aposentada Míriam Celeste, de 60 anos, ficou encantada. “É bom demais”, diz, enquanto testa um multiexercitador. “Não posso fazer ginástica porque tenho problema no joelho. Se pudesse não saia mais daqui.”

O administrador Wilson Mello e a mulher, Júnia Queiroz, de 50 anos, aprovaram a academia. “Para nós está ótimo. Só falta um ponto de água.” Os equipamentos também atraem quem trabalha na região, como o auxiliar de estoque Abel Custódio, 46. “Parei de ir à academia por falta de tempo. Quando vi os aparelhos não resisti”, diz.

Avaliação médica é fundamental antes das atividades

O médico Ricardo Munir Nahas, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, é favorável à instalação de academias ao ar livre – prática comum na Europa – porque dá chance também para a população de baixa renda se exercitar. Ele alerta que, antes de iniciar qualquer tipo de atividade, as pessoas devem sempre passar por avaliação médica para conhecer seu potencial e saber com qual intensidade e frequência deverá fazer os exercícios.

Nahas defende a permanência de educador físico nas praças nem que seja uma só vez. “Não adianta só colocar cartazes explicativos porque deve-se levar em conta também que muitas pessoas ainda não sabem ler, não entendem o conteúdo ou não conhecem os aparelhos”, diz.

Segundo o médico, as academias para terceira idade são as mais preocupantes porque, se um idoso cair, o risco de fraturas é muito maior do que o de um jovem. Nahas afirma que as pessoas precisam estabelecer uma rotina para a atividade tornar-se saudável. “Um trabalho aleatório não adianta nada”, diz.

O médico alerta ainda que, para evitar lesões, é preciso fazer alongamento antes de qualquer exercício.

Cuidados na hora de se exercitar 

Fazer uma avaliação médica para conhecer seus limites

Usar roupa adequada, que permita a transpiração para que o corpo não esquente demais

Colocar calçado esportivo (tênis) para ter equilíbrio e evitar lesões de impacto

Iniciar qualquer atividade física com alongamento para aquecer os músculos

Fugir de horários de pico de calor e poluição. O ideal é logo pela manhã ou no fim de tarde e noite

Estabelecer uma rotina de atividade constante

Comece com poucos exercícios e peso e vá aumentando progressivamente

Uso dos aparelhos

Simulador de caminhada
Aumenta a mobilidade dos membros inferiores e desenvolve a coordenação motora

Simulador de cavalgada
Fortalece a musculatura das pernas e dos braços e amplia a capacidade cardiorrespiratória

Esqui
Aumenta a flexibilidade das pernas, dos braços e dos quadris e melhora a função cardiorrespiratória

Rotação dupla diagonal 
Ajuda a aumentar a mobilidade das articulações dos ombros e dos cotovelos

Pressão de pernas 
Equipamento indicado para quem precisa fortalecer a musculatura das coxas e dos quadris

Multiexercitador
Fortalece a musculatura, alonga e aumenta a flexibilidade dos membros superiores e inferiores

Surf
Ajuda a melhorar a flexibilidade e a agilidade dos membros inferiores, dos quadris e de toda a região lombar

Alongador
Estimula o sistema nervoso central pelo alongamento e fortalece a musculatura da cintura e do tronco

Rotação vertical
Ajuda a fortalecer os músculos dos braços e melhorar a flexibilidade das articulações dos ombros

Simulador de remo
Equipamento indicado para quem precisa fortalecer a musculatura das costas e dos ombros